O consumo de álcool entre adolescentes tem sido uma preocupação constante de saúde pública em todo o mundo. Recentemente, um estudo abrangente publicado no periódico BMJ Open trouxe insights importantes sobre a carga global de doenças relacionadas ao álcool entre jovens de 10 a 24 anos. Este estudo, combinado com outras pesquisas recentes, oferece um panorama detalhado sobre como o consumo de álcool afeta a saúde dos adolescentes e adultos jovens globalmente.
O consumo de álcool entre adolescentes representa uma das principais preocupações de saúde pública mundial. Um estudo recente publicado no prestigioso periódico BMJ Open trouxe dados alarmantes sobre como o álcool afeta a saúde dos jovens globalmente, analisando informações de 204 países entre 1990 e 2019¹.
O Que o Estudo Revelou:
Em 2019, o álcool foi responsável por 59.855 mortes entre jovens de 10 a 24 anos, enquanto as outras drogas causaram 16.391 óbitos. O álcool gerou 5,9 milhões de anos de vida perdidos por morte prematura ou vividos com incapacidade, comparado a 4,1 milhões relacionados às demais drogas.
Diferenças Entre Homens e Mulheres
O estudo revelou uma disparidade preocupante: homens jovens são muito mais afetados que mulheres. A taxa de problemas relacionados ao álcool foi significativamente maior em homens comparado a mulheres. Curiosamente, enquanto os problemas com álcool diminuíram para ambos os sexos desde 1990, os problemas com drogas entre homens jovens estão aumentando.
Panorama Regional: Um Mundo Dividido
Regiões Mais Afetadas
Esta relação entre desenvolvimento econômico e problemas com álcool sugere que maior acesso e poder aquisitivo podem, inadvertidamente, aumentar os riscos.
Perfis de Comportamento entre Adolescentes Europeus
Em complemento aos dados globais, uma análise de cinco países europeus (Inglaterra, Itália, Holanda, Hungria e Finlândia) identificou quatro perfis de adolescentes de 15 anos²:
A boa notícia é que houve uma redução significativa na proporção de jovens no grupo "geral não saudável" em todos os países, especialmente na Inglaterra (queda de 22,8 pontos percentuais).
Evidências sobre Declínio do Consumo
Uma revisão sistemática de qualidade metodológica baixa a moderada pelos critérios da JBI analisou tendências de danos relacionados ao álcool em países de alta renda onde o consumo adolescente declinou³. Os resultados mostram que:
Diferenças por Gênero nos Danos
A revisão revelou padrões preocupantes:
Principais Consequências para a Saúde
Sinais de Progresso
Apesar dos números preocupantes, há motivos para otimismo:
As melhorias nos indicadores de saúde e bem-estar dos adolescentes devem-se principalmente a declínios concomitantes no consumo de álcool, tabagismo, atividade sexual e uso de cannabis, mas esses declínios não estão consistentemente associados a melhorias em outros domínios.
Desafios Persistentes
Populações Vulneráveis
A revisão sistemática identificou que, embora os danos tenham diminuído na maioria dos países, algumas populações femininas e estudantis mostraram aumentos nos danos relacionados ao álcool. Isso destaca a necessidade de abordagens direcionadas.
Diferenças Regionais
Os dados mostram que não existe uma solução única. A evidência foi mais forte em países anglófonos, seguida pela América do Norte, enquanto os resultados da Europa continental foram mais contraditórios.
O Que Precisa Ser Feito
Recomendações Baseadas em Evidências
Conclusão
O estudo da BMJ Open expõe uma realidade complexa: embora o consumo de álcool entre adolescentes esteja diminuindo globalmente, ele ainda representa uma das principais causas de morte e incapacidade entre jovens. A situação é particularmente grave para homens jovens e varia drasticamente entre regiões.
As evidências mostram que os danos relacionados ao álcool têm diminuído em muitos países de alta renda, especialmente em países anglófonos. No entanto, as tendências preocupantes em algumas populações femininas e estudantis destacam a necessidade de vigilância contínua.
As análises de países europeus demonstram que mudanças são possíveis com políticas adequadas, com reduções significativas em comportamentos de risco entre adolescentes. O caminho à frente exige abordagens personalizadas, considerando diferenças de gênero, idade e contexto socioeconômico.